Pesquisas
atestam, a tecnologia que evolui dia a dia comprova, e tudo conspira para um
futuro ainda mais promissor. O secular “casamento” entre o vinho e a rolha de
cortiça, que já dura quase trezentos anos, tem tudo para continuar naquele
clima de “felizes para sempre”. Isto quem diz é o especialista em vinhos e
embaixador da cortiça no Brasil, o renomado professor Carlos Cabral.
Dom Pérignon (Foto: APCOR)
Embora a cortiça já fosse usada como um
vedante natural desde o Egito, Cabral lembra que foi no século XVIII, quando o
monge Dom Pérignon desenvolveu seu vinho espumante, o champanhe, que se tornou
imperativo buscar um vedante que pudesse preservar o gás da bebida. “Na época,
usavam-se pedaços de madeira para tapar os gargalos das garrafas, que começavam
a ser produzidas. Dom Pérignon percebeu que era necessário algo mais eficaz.
Mandou padronizar os gargalos, introduzir a rolha de cortiça e colocar um arame
em torno delas para impedir que escapassem da garrafa”, ensina.
Cabral não
vê risco de crise na relação entre a cortiça e o vinho. “É um casamento feito
para durar para sempre! A rolha faz parte da alma romântica do vinho, ela é a
testemunha de uma longa vida na garrafa e, mesmo após a sua utilização, vai
para algum lugar especial. Cada rolha conta uma história.” Mesmo em relação aos
outros tipos de vedante, Cabral não vê problemas. “Sempre alguém vai inventar
uma coisa nova, mas nada irá desbancar a cortiça. Há todo um complexo de sofisticação,
cultura e serviço em torno da rolha”, afirma Cabral.
O vinho selado com rolha de cortiça apresenta maior qualidade (Foto: André Alves Moraes)
Novas
pesquisas atestam o crescimento da preferência pela rolha de cortiça, inclusive
como um elemento agregador de valor ao vinho. Em julho, um estudo sobre o
perfil dos consumidores americanos, o maior mercado de vinhos do mundo, apontou
a preferência esmagadora deles pela rolha de cortiça. Na China, levantamento
mostrou que 96,8% dos chineses acreditam que a cortiça melhora o vinho, num
país em que 95% dos melhores vinhos no mercado são fechados com rolha de
cortiça. Na Espanha, 95% dos consumidores preferem seus espumantes fechados com
rolha de cortiça também.
O
consumidor, hoje, de acordo com pesquisas internacionais, percebe o vinho
selado com rolha de cortiça como um produto de maior qualidade e se dispõe até
a pagar três dólares a mais por ele. “É um belo espetáculo abrir uma garrafa de
vinho, ainda mais no Brasil, onde os consumidores da bebida são vistos como
especiais e cultos. Só que um saca-rolhas é acessível ao mais simples dos
mortais e o vinho, especialmente na Europa, é uma bebida popular”, justifica.
Floresta de sobreiros (Foto: APCOR)
Hoje o
consumidor começa a perceber, também, que a rolha de cortiça não apenas infere
valor e glamour, mas também é um produto naturalmente ecológico. Sua produção
libera menos carbono no processo, desde a árvore, de onde a cortiça é extraída,
até a garrafa, bem menos do que os vedantes alternativos. Além disso, seu uso acaba se tornando
benéfico à natureza, já que as florestas de sobreiro (a árvore que produz a
cortiça) são responsáveis pela manutenção de uma incrível biodiversidade, que
abriga centenas de animais e outras plantas. E a boa notícia é que, nos últimos
dez anos, a área do montado, ou seja, as florestas de sobreiros, tem crescido em
média 3% ao ano. Nesse período, mais de 130 mil hectares foram plantados em
Portugal e na Espanha. E cada hectare abriga de 120 a 150 sobreiros.
A APCOR foi criada para representar e promover a Indústria de Cortiça Portuguesa e que nasceu em 1956, em Santa Maria de Lamas, conselho de Santa Maria da Feira, no coração da indústria da cortiça. Possui mais de 270 associados, que representam 80% da produção nacional e 85% das exportações de cortiça e que cobrem todos os subsetores da indústria – preparação, transformação e comercialização.
Compartilhe a matéria nas redes sociais:
Nenhum comentário:
Postar um comentário