É possível notar um número cada vez maior de pessoas
aderindo a um estilo de vida mais saudável. A população se preocupa não só com
o físico, mas com a saúde de maneira geral, o que representa um avanço posivito
em direção à melhora da qualidade de vida. Porém, ao mudar alguns hábitos do
dia-a-dia em busca de uma rotina mais saudável, muitos deixam de consultar
especialistas e acabam seguindo "modismos", como no caso das chamadas
"dietas detox".
O termo "detox" vem do inglês, sendo abreviação de
detoxification. Embora traduzido no Brasil como destoxificação, o correto seria
desintoxicação, o que significa pressupor que o organismo está intoxicado e
precisa de ajuda na eliminação de toxinas e agentes tóxicos.
Foto: Reprodução
Apesar de estar na moda, não existe comprovação científica
que valide esse tipo de alimentação. Na verdade, o "detox" não é
propriamente uma dieta. Apresentada em diversas versões, em geral, costuma
utilizar alimentos líquidos, como sucos, e pode indicar a exclusão de algum
ingrediente ou componente, como o açúcar ou o glúten, por exemplo, o que a
caracteriza como uma dieta de exclusão.
Saudabilidade em jogo
Nenhuma dieta restritiva pode ser considerada saudável,
mesmo que rica em vegetais e frutas, pois o corpo precisa da energia vinda de
diversos nutrientes e, por isso, é necessário o equilíbrio, e não uma
eliminação radical. A nutricionista da Recomendo Assessoria em Nutrição, Marcia
Daskal, salienta que "a possível perda de peso decorrente desse modismo se
dá principalmente pela perda de líquido e massa magra, decorrente da restrição
de energia, o que não faz parte de um processo de emagrecimento saudável e, por
isso, não é positivo para a saúde".
Essa falta de energia pode, inclusive, causar problemas como
fraqueza, mal humor, dor de cabeça e pensamento lento. "Dependendo da
intensidade e da duração da dieta, pode haver gosto ruim na boca e cheiro de
amônia no suor e hálito, o que é um processo decorrente do uso de massa magra como
fonte de energia, conhecido como cetose. O corpo poupa energia, diminui o
metabolismo e entra em modo de estoque", completa a nutricionista.
Combinação com atividades físicas
Quando uma pessoa pratica atividade física, deve se
alimentar de maneira equilibrada. Por isso, para esse caso, também não se deve
optar por restrições na alimentação. O preparador físico Marcio Atalla
exemplifica afirmando que "os sucos detox, por exemplo, tem como benefício
a presença de sais minerais e vitaminas, mas, por outro lado, na maioria das
vezes, faltam calorias e nutrientes, como carboidrato, proteínas e gorduras.
Por isso, essa 'dieta' também não é recomendada para atletas e/ou praticantes
de exercícios físicos".
Evidências científicas e posicionamento médico
De acordo com o Conselho Federal de Nutricionistas,
"mesmo sendo disseminada pela mídia como sinônimo de emagrecimento, saúde
e estratégia de limpeza das toxinas do corpo, faltam evidências científicas que
amparam a utilização de dietas "detox" ou desintoxicantes. Além
disso, sua utilização não é condizente com os princípios da alimentação
adequada e saudável".
Isso vale também para pessoas com doenças relacionadas à
alimentação e estilo de vida. Segundo o Dr. Marcio Mancini, endocrinologista
responsável pelo Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das
Clínicas da USP, "pessoas obesas ou diabéticas também não devem aderir às
chamadas 'dietas detox', pois não há estudos que mostrem sua eficácia e
segurança. Os profissionais não devem recomendá-las porque podem estar
sujeitando os pacientes a um aumento de morbidade e tratamentos inúteis".
A principal orientação e conclusão é de que não há
evidências e benefícios que sustentem a prescrição das "dietas
detox". Além disso, é importante reforçar que apenas nutricionistas e
médicos podem prescrever ou opinar sobre dietas, pois, legalmente, são os
únicos profissionais habilitados para fazer este acompanhamento.
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